14 de novembro de 2024
                 
     
                         
Lázaro Freire, Acid0 e Lobão na MTV: Daime é droga ou religião?
Psicanálise Transdisciplinar em SP com Lázaro Freire
Seja um colaborador ativo da Voadores!
Cursos e palestras da Voadores em sua cidade
Mensagem de Wagner Borges
Mais novidades

 
  

Colunas

>> Colunistas > Benedicto Cohen (Bene)

CONTO: Uma Árvore de CDs
Publicado em: 04 de setembro de 2006, 16:02:24  -  Lido 2375 vez(es)



(Um conto meu, postado originalmente na Keshara)


Uma Árvore de CDs

Faz um ano que encontrei minha alma gêmea, e fazem sessenta e quatro anos que
ela me encontrou.
Explico: encontramo-nos, um dia, em uma projeção. Ou melhor, numa noite, em
dezembro de 2002, em que saí do corpo, como num sonho, numa viagem astral. Nem
sei se posso chamar de 'viagem', pois nesse sonho fui parar exatamente no mesmo
lugar em que moro. Não sei se dá pra entender, mas era a mesma casa, só que toda
reformada, modernizada... Marina (é esse o nome dela) também mora lá, quer
dizer, mora aqui, ou vai morar aqui, mas no ano de 2066. Eu havia me projetado
no futuro, quando a encontrei. Que engraçado... para mim era o futuro, para ela
era o presente... Mas o fato é que encontramo-nos no terraço de casa, e não foi
preciso mais nada para que soubéssemos que pertencíamos, pertencêramos e
pertenceríamos sempre um ao outro. Naquela noite ficamos juntos pelo resto do
tempo que nos foi possível - umas exíguas duas horas, no máximo - já sentindo
saudades, por saber que dificilmente voltaríamos a nos encontrar, mesmo em
sonhos, nesta vida... ou sequer nas próximas, caso houvessem, devido a nossos
desencontros reencarnatórios...
Mesmo assim, antes de regressar a meu tempo, sugeri escrever-lhe, de alguma
forma. Sabia que para ela seria impossível mandar mensagens para o passado, mas
eu poderia deixar-lhe as minhas, lá no meu mundo, para que ela as encontrasse,
mais de meio século depois, no mundo dela. Pensei no que de mais moderno existia
em meu tempo, e perguntei-lhe se aqui/lá em 2066 ainda se liam CDs. Ela sorriu e
disse que ainda era possível encontrar algumas máquinas antigas em bom estado,
nos antiquários. Combinamos então que eu gravaria CDs com mensagens minhas para
ela, e os penduraria nos galhos de uma paineira que existia no jardim de 'nossa'
casa, para que ela os encontrasse. Sabíamos que ninguém mexeria neles ao longo
do tempo, pois naquela mesma projeção já podíamos ver todos os meus CDs (e eram
muitos, eu vi) pendurados na árvore, lá mesmo onde eu os colocara... no passado.

E assim vai seguindo minha vida. Minha paixão por Marina aumenta a cada dia, e
escrevo para ela sem cessar...
O pessoal estranha, acha que eu não ando bem da cabeça, mas é bem gostoso olhar
para a árvore, principalmente no fim da tarde, quando a luz do sol parece
arrancar uma miríade de cores dos CDs que vou pendurando em seus galhos...
Não tenho como saber se Marina vai ler minhas poesias, nem mesmo tenho como
saber se ela existe ou existirá realmente... Mas minha árvore de CDs está
ficando cada vez mais bonita...

Bene
Nov. 2003
--
Benedicto Cohen (Bene)
beneluxbr@yahoo.com.br


Deixe seu comentário

Seu nome:
Seu e-mail:
Mensagem:

 
Atenção: Sua mensagem será enviada à lista Voadores, onde após passar pela análise dos moderadores poderá ser entregue a todos os assinantes da lista além de permanecer disponível para consulta on-line.































Voltar Topo Enviar por e-mail Imprimir